Pesquisar no site


Contato

Alicerces
Av. Alagoas s/n
Palmeira dos Índios
57601-220

(82) 3421-3282

E-mail: alicerces.edificacoes@gmail.com

Poesias

 

APRENDIZ DE ESCRITOR

 Não sei por que insisto em escrever
Meço mal meus versos ao contrário de Camões
Minha lâmina não é tão afiada como Machado
Não tenho a genialidade das pessoas de Pessoa
Nem sempre pego os feijões do fundo como João Cabral
Tampouco sou poético como Arnaldo
Meu nome não será lembrado na literatura, nas esquinas e nas ruas
Não irei para a academia de letras
Não recebi prêmios por minhas obras como meu grandioso professor
Não sei por que insisto em escrever
Talvez para fugir da realidade ou... encará-la.
E eu, nem prosa nem verso não serei ao menos indicado ao Oscar por meus roteiros
E eu, nem aprendiz de escritor, insisto em escrever...
Porque escrevendo eu me sinto vivo
Mesmo se eu morrer.

 

__________________________________________________________________________________________________________________________________

 

OFÍCIO

O que é um poeta senão um garimpeiro
que vive em busca incansada da palavra-ouro?
Palavra essa que, se juntada a tantas outras, vai dar origem a um baú ou arca com o mais valioso tesouro.
Entretanto, esse tesouro não será escondido em alguma ilha.
Será um tesouro público.
Talvez o único tesouro que está ao alcance de todos,
um tesouro não-egoísta.
É certo que, alguns precisarão de mapas.
Mas, não será algo impossível.
O poeta é um lapidário que vai até o útero escuro da terra, retira a pedra
ainda em estado bruto e, com carinho, começa a lapidá-las.
Pois, deve ser assim: As palavras de um poema devem ser lapidadas ao máximo.
Essa é a prazerosa sina.

___________________________________________________________________________________________________________________________________

 

A LÍNGUA TÁ VIVA

Minhas ideias perderam o acento

O trema foi-se embora já faz tempo

E tremo e temo sem saber se aguento

 

A língua atrevida passou a ter vida

Vestiu uma nova roupa, agora usa minissaia

E se antes eu voava, agora, voo é com medo de que eu caia

E se antes eu estava certo hoje estou errado

Mexem no tempero do nosso prato,

Insensatos, de fato, com esse trato

Perdeu-se o sabor que tinha frequência

E apenas sobrou um certo enjoo

Subserviência

Um sabor ocre regado à política e economia

Mexeram no pratododia e agora pagamos o fato.

 

____________________________________________________________________________________________________________________________________

 

A FONTE DOS DESEJOS

Hoje é tudo de graça:

Música, vídeo, foto, sexo

E até enfada não ter fada

Causa um certo tédio.

 

A facilidade das coisas

Confunde-se com futilidade

Aborrecemos-nos sem saber

Que é só porque não tem mais

O fazer acontecer.

 

Não tem pó mágico, porta encantada

E os nossos desejos realizamos na fonte errada

Essa fonte é seca e rápida como uma facada

E a busca que impulsionava conseguimos

Numa arrancada.

 

Sinto falta das efígies e enigmas

Das pistas e dos portões. Hoje só padrões

Paradigmas.

Parece que só em feio e bonito

é que se divide a vida.

               

Sem percebermos, esse tédio,

Comete suicídio. Suicidam-se as fadas e o remédio

Que nos forma fornecidos. Retraídos e cansados,

Sem fada e enfadados, só nos resta aborrecer.

E a fonte buscamos no lugar errado

Não tem mais fazer por merecer.

Não tem mais o que fazer.

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

O VÔMITO E O HOMEM

Um dia, caminhando pelas ruas do mundo real (nada de mais)

Vi um homem acuado e parecia-me que esse ar o fazia mal.

Ele vomitava.

Vomitava palavras!

Verbos, adjetivos, prefixos e sufixos.

Sinônimos, pronomes e nomes.

Palavras e palavrões.

E o povo que passava, sujeitos passivos, no vômito pisava.

Indiferentes antônimos

Atônitos pisavam no vômito.

Aproximei-me e perguntei o nome do sujeito.

Ele respondeu reto, direito,

De maneira certa:

“Meu nome? Meu nome é poeta.”

                             

 

Visitem o blog do autor